Estudo mostrou que pais orientados sobre como lidar com questões
comportamentais obtiveram melhor resposta
POR O GLOBO
21/04/2015 13:16 / ATUALIZADO 21/04/2015
18:30
O autismo é um transtorno global do desenvolvimento, desde a infância, marcado pela dificuldade no domínio da linguagem e da comunicação social - Reprodução/Pixabay |
RIO - Estudo
patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH) com seis
universidades, entre elas a de Indiana, Ohio e de Yale, nos Estados Unidos,
mostrou que crianças com autismo e graves problemas de comportamento melhoraram
depois que seus pais foram treinados durante semanas para lidar com reações
agressivas e de isolamento — e os benefícios foram observados por até seis
meses após a intervenção.
O treinamento
forneceu aos pais estratégias específicas sobre como lidar com acessos de
raiva, agressão, autolesão e abandono. Um outro grupo de pais usado na
comparação feita pelo estudo apenas recebeu informações sobre a doença.
Publicado nesta
terça-feira no Journal
of the American Medical Association, o estudo
constatou que pais que passaram por treinamento específico foram mais eficazes
na redução do comportamento agressivo e de isolamento dos filhos do que pais
que foram apenas educados sobre a questão.
O autor do
estudo, Karen Bearss, professor assistente de pediatria doMarcus Autism Center e da Emory
University School of Medicine,observou que
foi impressionante a melhora das crianças em ambos os grupos. Mas, em relação
ao comportamento introspectivo, segundo ele, o grupo do "treinamento foi
claramente melhor”.
O autismo é um
transtorno global do desenvolvimento, desde a infância, marcado pela
dificuldade no domínio da linguagem e da comunicação social, prejudicada pelo
comportamento restritivo e repetitivo. O distúrbio afeta de 0,6% a 1% das
crianças em todo o mundo. Em crianças pequenas, o autismo acarreta, muitas
vezes, graves problemas como acessos de raiva, agressão, auto-lesão e
descumprimento às exigências de rotina.
Estes
comportamentos podem ser opressivos aos pais e gerar profunda incerteza sobre
como lidar com eles. Existem medicações para estas questões comportamentais,
mas os pais são relutantes ao uso.
— Este é o
maior estudo aleatório sobre qualquer intervenção comportamental em crianças
com autismo. E isso mostra que a formação dos pais funciona — observa Lawrence
Scahill, professor de pediatria na Marcus and Emory School of Medicine,que dirigiu a pesquisa.
No estudo, 180
crianças, com idade entre 3 e 7 anos, autistas e com graves problemas de
comportamento, foram distribuídas aleatoriamente para o grupo de “24 semanas de
formação dos pais” ou para “o grupo de 24 semanas de educação dos pais”. O
treinamento para pais consistiu em 11 sessões centrais, duas opcionais, dois
controles telefônicos e duas visitas domiciliares. Já o grupo de “educação dos
pais” incluiu 12 sessões e uma visita domiciliar.
Os pais que
fizeram ambos tratamentos, estiveram em 90% das sessões do programa, o que
sugere o grande envolvimento com o estudo.
Após 24
semanas, as crianças “do grupo de treinamento” mostraram melhora de 48% em
relação ao comportamento separatório, comparado a um declínio de 32% para “o
grupo de educação”. Na última semana, 70% das crianças “do grupo de
treinamento” mostraram resposta positiva em comparação com 40% “para o grupo de
educação”. O progresso geral foi avaliado por um médico que não participou da
realização do tratamento.
— Este é um
estudo muito importante para as crianças e para as famílias. O treinamento dos
pais é conhecido por ser eficaz para crianças e adolescentes com problemas de
comportamento em geral e agora está demonstrado ser eficaz para crianças com
autismo — comentou o psiquiatra infantil John Walkup, também professor de
psiquiatria da Weill-Cornell
Medical College e New York-Presbyterian Hospital. Walkup, que não estava envolvido no estudo, acrescentou como um dos pontos
altos do estudo, o fato de que os benefícios do treinamento dos pais ser
construído com o tempo.
Retirado de: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/pais-treinados-reduzem-problemas-de-filhos-com-autismo-15938080
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